Compilação por Amália Safatle

Dicionário: conheça o significado de expressões usadas nesta edição de P22_ON

Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)Técnica desenvolvida para medir possíveis impactos ambientais resultantes da fabricação e utilização de determinado produto ou serviço, segundo o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia. A abordagem sistêmica da ACV é conhecida como “do berço ao túmulo”, na qual são levantados os dados em todas as fases do ciclo de vida do produto. O ciclo de vida compreende desde a extração das matérias-primas, passando pela produção, distribuição até o consumo e a disposição final, contemplando também reciclagem e reúso, quando for o caso. A ACV é uma ferramenta do Pensamento de Ciclo de Vida.

Business as Usual (BaU) Cenário em que os negócios são tocados de modo costumeiro, convencional, sem inovação nem mudança.

Compliance – Estar em linha com normas, controles internos e externos e demais políticas e diretrizes do próprio negócio, e também com as determinações dos órgãos de regulamentação, incluindo as esferas trabalhista, fiscal, contábil, financeira, ambiental, jurídica, previdenciária, ética etc.

Cradle to Cradle – Uma das escolas de pensamento da Economia Circular, desenvolvida pelo químico alemão Michael Braungart, em conjunto com o arquiteto americano Bill McDonough. Esse conceito, que resultou na certificação Cradle to Cradle, elimina o conceito de resíduo (“resíduo é igual a alimento”), maximiza o uso de energias renováveis, gerencia o uso da água e segue preceitos da responsabilidade social.

OnModa-consumo_conscienteConsumo consciente – É uma contribuição voluntária, cotidiana e solidária do cidadão para garantir a sustentabilidade da vida no planeta, segundo definição usada no Ministério do Meio Ambiente. Trata-se de ampliar os impactos positivos e diminuir os negativos causados pelo consumo dos cidadãos no meio ambiente, na economia e nas relações sociais. Para o Instituto Akatu, ONG que tem o consumo consciente como principal bandeira em suas ações mobilizadoras, “consumir de forma consciente é levar em consideração os impactos ambientais e sociais da produção, do uso e do descarte de produtos e serviços”. Conheça aqui os 12 princípios do consumo consciente, segundo o Akatu.

Downcycling – Processo pelo qual resíduos e materiais descartados são transformados em produtos com valor inferior ao original. Oposto de upcycling.

Economia Circular – Economia regenerativa e restaurativa por princípio, segundo a Ellen MacArthur Foundation. Trata-se de uma alternativa ao modelo econômico “extrair, transformar, descartar”, que está atingindo seus limites físicos. Consiste em um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos, administrando estoques finitos e fluxos renováveis. Seu objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.

Externalidades – Reflexos negativos ou positivos de uma atividade que são sentidos por aqueles que pouco ou nada contribuíram para gerá-los.

Fair trade (comércio justo) – Segundo a International Federation of Alternative Trade (Federação Internacional de Comércio Alternativo), é uma parceria comercial, baseada em diálogo, transparência e respeito, que busca maior equidade no comércio internacional e contribui para o desenvolvimento sustentável. A transação deve procurar as melhores condições de troca e garantia dos direitos para produtores e trabalhadores que se encontram à margem do poder econômico.

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Fast fashion – Moda descartável, caracterizada por produção, consumo e descarte rápidos. A lógica baseia-se em preços acessíveis para produtos de baixa qualidade, de forma que durem pouco e levem a sucessivas compras. As coleções são compactas, lançadas e retiradas das lojas velozmente, evitando estoques.

O modelo, que é bastante lucrativo do ponto de vista econômico, gera externalidades negativas sociais e ambientais, pois se baseia em dilapidação de recursos naturais, emissão de carbono, consumo de água, poluição e geração de lixo muito além do necessário, além de exploração de mão de obra barata ou análoga à escravidão em diversos casos.

OnModa-LowsumerismLowsumerism – Movimento que surgiu em reação ao consumo excessivo e não ético. Convida as pessoas a consumir menos e a pensar sobre as empresas e práticas que estão apoiando quando vão às compras, com o objetivo de reduzir a pegada. Em vez de seguir cegamente o ciclo desejar> comprar> jogar fora, você se questiona a cada passo do caminho. Para saber mais, assista a este vídeo produzido pela agência Box 1824.

Movimento Maker – Vertente do do-it-yourself (faça-você-mesmo) para tecnologias digitais. Baseia-se na ideia de que pessoas comuns podem, elas próprias, construir, consertar, modificar e fabricar os mais diversos tipos de objetos e tocar seus projetos. Esse movimento é turbinado pelo avanço tecnológico proporcionado por adventos como impressoras 3D e FabLabs, promove a descentralização da produção, hackeia e difunde conhecimento em rede, banindo intermediários. Segundo Chris Anderson, autor de Makers – The new industrial revolution, o termo refere-se a pessoas que produzem artefatos tecnológicos para o seu próprio uso, sem a construção de negócios.

Pensamento de Ciclo de Vida – Um modo de pensar que considera implicações do “berço ao túmulo”, ou seja, de todo o ciclo de vida do produto. O ciclo de vida corresponde ao conjunto de etapas necessárias para que um produto cumpra sua função – que vão desde a obtenção dos recursos naturais até seu destino final, após o cumprimento da função.

Slow fashion – Expressão criada em 2008 pela inglesa Kate Fletcher, professora do Centre for Sustainable Fashion, inspirada no movimento Slow Food. Assim como em relação à alimentação, o movimento slow fashion incentiva que os consumidores estejam cientes de cada etapa da cadeia produtiva – desde o design até a produção, o uso e o potencial de reaproveitamento de cada peça. É uma reação à fast fashion. Saiba mais aqui.

Imagem: Mochni
Imagem: Mochni

Upcycling – Processo pelo qual resíduos e materiais descartados são transformados em novos produtos, com valor superior ao original. Na moda, por exemplo, roupas usadas ou sobras de tecidos podem dar origem a produtos “estilosos”, com maior valor agregado. Oposto de downcycling.

Wearables – Tecnologias “vestíveis”. São dispositivos tecnológicos que podem ser utilizados como peças de vestuário ou acessórios, conectados a outros aparelhos ou à internet.

Navegue em blogs e sites

  • Confira o glossário de “moda consciente”, que traz verbetes como “cruelty free”, “lavagem ecológica” e “ peças multifuncionais”.
  • A Resgate Fashion é uma das iniciativas que exemplificam o conceito de upcycling. Ela transforma roupas de segunda mão em peças novas, valorizando seus atributos comerciais.
  • A Roupa com História, que também trabalha com upcycling, resgata a costura como forma de empoderamento e reação à fast fashion.
imagem: Roupa com História
imagem: Roupa com História
  • A proposta da Ratorói é trabalhar “com baixo impacto ambiental e alto impacto sensorial”, de forma colaborativa e gerando renda para artesãos e designers.
  • Conheça mais iniciativas inovadoras de modelos de negócios nesta reportagem (linkar com caixinha de soluções)
  • A seguir, duas dicas de inovações tecnológicas, baseadas em processos e produtos naturais:

Este vídeo mostra como as cascas de laranja podem dar origem a fios e tecidos. E veja neste site como pesquisadores de Hong Kong criaram novo processo para reciclagem de tecidos semelhante a fazer cerveja, ou seja, usando o processo biológico da fermentação para separar das fibras de algodão o poliéster nos tecidos mistos. O objetivo é facilitar o desenvolvimento de uma indústria da moda circular onde os resíduos têxteis possam ser reciclados continuamente.

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  • Este desfile desafia os estereótipos de beleza ditados pela indústria moda, mostrando que a passarela é para todos. Mais sobre inclusão e diversidade no LaboratórioFantasma, que tem desfilado nas últimas edições da São Paulo Fashion Week.

Fique atentx

  • Por meio do aplicativo Moda Livre, a ONG Repórter Brasil identifica que 4 entre 10 marcas da indústria da moda não se comprometem com o combate ao trabalho escravo. Saiba aqui quais são.
  • O Sustainable Cotton Ranking de 2017, que busca aumentar os atributos de sustentabilidade no mercado de algodão, permite acompanhar a pontuação de 75 empresas de todos os continentes. São levadas em conta as políticas da empresa em relação ao tema, à adoção de práticas e à rastreabilidade.
  • Reportagem da revista The Economist denuncia os problemas da reciclagem de roupas na Índia. As condições de trabalho na cidade de Panipat são péssimas, com baixíssima remuneração e uso de trabalho infantil.
  • Mais sobre o assunto neste vídeo.

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  • Edição da revista Galileu mostra os bastidores da indústria da moda.
  • Este vídeo mostra como as microfibras sintéticas de nossas roupas estão contaminando os oceanos. Se ainda precisava desenhar para alertar sobre os problemas que a poluição por nanoplásticos causa, eis aqui um infográfico.

 Informe-se

  • A Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX) lançaram o Laboratório da Moda Sustentável, com apoio do Instituto C&A e realização do Instituto Reos. Mais sobre o laboratório aqui.

 Aprofunde-se

  • Este texto sobre Economia Circular na moda convoca as marcas de roupas a investir em seus processos de design, melhorar o conhecimento técnico dentro de suas cadeias de suprimentos e explorar modelos de negócios verdadeiramente alternativos.
  • Livros do estilista, pesquisador e historiador de moda João Braga:
  • História da Moda – Uma narrativa (D’Livros Editora)OnModa-livro
  • Reflexões sobre Moda – volumes I, II, III e IV (Editora Anhembi Morumbi)
  • Um Século de Moda (D’Livros Editora)
  • Tenho Dito: Histórias e Reflexões de Moda (Editora Estação das Letras e Cores)
  • Tese de doutorado da professora Miqueli Michetti, sobre a moda brasileira no contexto de globalização.

Engaje-se

  • Manifesto do movimento Fashion Revolution: Como Ser um Revolucionário na Moda. Aqui, um vídeo da Fashion Revolution Brasil e mais um sobre a questão do combate ao trabalho infantil.
  • Confira aquiCartilha para um Consumo mais Consciente, produzida pela Fashion Revolution e pela P22_ON.
  • Viral que adapta a Pirâmide de Maslow, sobre a hierarquia de necessidades, ao consumo. De baixo para cima: use o que você tem, empreste, troque, seja parcimonioso, faça, compre.
The Buyerarchy of Needs_Crédito: Sarah Lazarovic
The Buyerarchy of Needs_Crédito: Sarah Lazarovic