Estas são algumas das questões mais frequentes sobre serviços ecossistêmicos, que foram gentilmente respondidas pela equipe da iniciativa Tendências em Serviços Ecossistêmicos (TeSE), do FGVces. Você também gostaria de fazer uma pergunta?

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A natureza não é valiosa demais para ser valorada em termos econômicos?

Valor também pode ser entendido como uma medida de importância. Ao atribuir um valor econômico à natureza nos aproximamos de uma abordagem utilitária na qual a medida de valor passa a ser balizada pela disposição da sociedade em pagar pelos benefícios gerados. Vale ressaltar que nem todos os benefícios gerados pelos Serviços Ecossistêmicos (SEs) se enquadram nesta lógica de utilidade (por exemplo, o valor de existência), mas muitos deles, sim (por exemplo, os de provisão). Atribuir valor econômico aos SEs é uma ferramenta para facilitar a inclusão do tema na tomada de decisão, uma vez que dá a dimensão da importância destes em uma linguagem compreensível para tomadores de decisão. No entanto, a natureza não deve ser reduzida ao valor econômico atrelado a ela.

É possível conservar sem valorar?

Sim, é possível conservar sem valorar economicamente os serviços ecossistêmicos. A conservação da natureza que ocorre espontaneamente demonstra que a importância (e, portanto, o valor) da conservação já é compreendida por aquele que conserva. A crise ambiental atual, no entanto, aponta para uma falha na conservação dos recursos naturais, que têm sido usados de forma insustentável pela sociedade. A valoração contribui para entender as relações de dependência, impacto e externalidade dos diferentes agentes com o meio ambiente (saiba mais sobre essas relações aqui). Ao se valorar, atribui-se importância, o que pode ser um passo decisivo para a conservação.

Serviço ecossistêmico só existe na floresta?

Não, os serviços ecossistêmicos podem ocorrer também em áreas urbanas ou rurais, por exemplo. A sombra de uma árvore traz conforto térmico em meio à ilha de calor da cidade, enquanto uma área com grama absorve a água da chuva, reduzindo a possibilidade de enchentes. Em um área agrícola com boas práticas de manejo, podemos falar de serviços ecossistêmicos de prevenção de erosão do solo. A verdade é que são cada vez mais raros sistemas naturais no mundo que não tenham influência humana direta. O conceito de serviço ecossistêmico contempla áreas, paisagens e sistemas com a presença humana.

Os métodos de valoração permitem a comparação de seus resultados (entre países e empresas, por exemplo)?

Assim como as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) podem ser comparadas por meio de uma medida comum – a tonelada de carbono equivalente –, a valoração econômica permite comparar a importância dos serviços ecossistêmicos em uma mesma medida monetária, o que pode ser uma ferramenta valiosa para priorizar medidas, decidir entre uma tecnologia ou outra, entender os diferentes impactos de um empreendimento etc.

Qual a diferença entre serviço ambiental e serviço ecossistêmico?

Serviço ecossistêmico é definido pelas contribuições diretas e indiretas dos ecossistemas ao bem-estar humano. Já o serviço ambiental é resultado de iniciativas individuais ou coletivas que favorecem a manutenção, a recuperação ou a melhoria dos serviços ecossistêmicos. A recuperação pelo homem de áreas degradadas, por exemplo, é um serviço ambiental que possibilita a restauração dos serviços ecossistêmicos que aquela área oferece. Todo serviço ambiental é também um serviço ecossistêmico, mas nem todo serviço ecossistêmico é um serviço ambiental, pois o ecossistêmico pode não estar relacionado à uma ação humana de manutenção ou recuperação.

De quem é a conta em iniciativas de pagamentos por serviços ambientais (PSA)?

 Iniciativas de PSA normalmente ocorrem em situações nas quais a ação que promove o beneficio ambiental é realizada por um agente(s) e o benefício é percebido por outro(s). Nesse caso, o agente que promove o benefício ambiental é recompensado e o beneficiário deve pagar o valor econômico referente. Por exemplo, produtores rurais que preservam área de mata ciliar geram benefícios tais como controle da erosão e manutenção da qualidade da água que é percebida pelos usuários da água a jusante. A prefeitura, como representante da sociedade, recompensa esses produtores rurais pelo benefício gerado.

Uma vez valoradas as externalidades (linkar com dicionário), quem deve “pagar” ou “receber” por ela?

 Externalidades podem ser negativas ou positivas. A valoração econômica permite a quantificação em termos monetários do prejuízo ou benefício gerado, de forma que quem gera o impacto possa ser cobrado ou recompensado.