Roteiro, montagem e locução por Magali Cabral

Ser transparente significa ser sincero. Sinceridade gera confiança.

Esse encadeamento serve tanto para as relações pessoais como para as empresariais.

Mas, nas relações empresariais, ser transparente é um pouco mais complicado, principalmente quando se trata de uma grande empresa, dona de uma cadeia produtiva muito extensa.

Às vezes é difícil rastrear tudo o que acontece desde o início do processo de produção de um bem de consumo.

Mas é preciso garantir que desde o começo – lá onde a matéria-prima está sendo extraída da natureza, ou sendo cultivada, ou ainda sendo criada – não haja ilegalidades, nem violações ambientais. Ou, quando houver, mostrar o que está sendo feito para corrigir. 

Quanto mais globalizada a cadeia de valor, mais difícil controlar tudo o que acontece.

Na cadeia da indústria da moda, por exemplo, a fibra têxtil pode vir de um país, o tecido de outro, a confecção da roupa de outro. Uma vez prontas, as peças ainda viajam até os países onde serão comercializadas.

A indústria precisa saber e informar se o algodão que usou é resultado de um comércio justo, que não fere nenhum princípio dos direitos humanos – como a exploração de mão de obra análoga à escravidão ou infantil.

É preciso saber também se o produto veio contaminado por agrotóxicos, por desmatamento ou por outras por ilegalidades.

Outra questão é a da pegada de carbono. Produtos muito globalizados, que viajam pelo mundo todo, emitem grandes quantidades de carbono na atmosfera, contribuindo para o aumento do efeito estufa.

Para ajudar nesse rastreamento, existe uma série de instrumentos, como os satélites que ajudam a monitorar o uso da terra. Pelas imagens de satélite, um frigorífico consegue se certificar de que não está comprando animais criados em pastagens ilegais, por exemplo, na Amazônia.

Bem, até aqui, a empresa mostrou o que acontece do lado de fora. Mas é preciso mostrar também como são as relações da porta para dentro.

Como os funcionários são tratados?

Os contratos são formais ou informais?

Há preocupação com a diversidade de gênero, de raça?

Há representação de pessoas LGBTQ+?

Qual a diferença entre o maior e o menor salário? 

Qual o grau de terceirização?

Tudo isso tem de ser identificado, calculado, avaliado e divulgado.

É preciso comunicar muito bem todas essas informações, sempre com imparcialidade. Mostrar o lado positivo e o lado negativo de tudo o que for encontrado nesse caminho. E quando a empresa não consegue cumprir as metas que prometeu atingir, isso precisa ser informado também.

Para reunir tantas informações, o instrumento mais usado são os relatórios de sustentabilidade, publicados anualmente nos sites das empresas. E para desenvolver esses relatórios é necessário seguir uma metodologia, como a que foi desenvolvida pela GRI, a Global Reporting Initiative.  

Ao fazer esses relatos, além de estabelecer uma comunicação com o público interessado, a empresa vai conhecer melhor a si própria.

Vai identificar suas vulnerabilidades e seus principais riscos. Uma vez identificados, é possível reduzi-los ou eliminá-los. Ou seja, o empresário estará zelando por sua própria marca.

Bem-vindo a mais uma P22_ON!

Nesta edição, você poderá se aprofundar no tema lendo reportagens que preparamos sobre:

O perfil atual da transparência empresarial no Brasil e as tendências mundiais para o pós-pandemia.  

A recuperação da economia no mundo – será que vem por aí um pacto verde entre os países para promover o crescimento em bases mais sustentáveis? O economista e professor José Eli da Veiga nos concedeu uma entrevista sobre o assunto.

Outro tema abordado é a cultura patrimonialista no Brasil. De que forma essa cultura afeta as práticas de transparência no setor empresarial e na sociedade em geral?

E o que dizer da Amazônia? Nessa região atuam setores estratégicos, como mineração, agricultura, pecuária e energia. Como está evoluindo a transparência nas empresas que impactam o ecossistema e as populações da maior floresta tropical do mundo?

Saiba ainda quais são os engajamentos necessáriospara provocar transformações na direção de mudanças sistêmicas no setor empresarial.

Boa leitura!