Compilação: Amália Safatle _ Foto: Richard James/ Unsplash

Dicionário

Adicionalidade – no âmbito climático, significa que uma atividade deve, comprovadamente, resultar na redução de emissões de gases de efeito estufa ou no aumento de remoções de carbono de forma adicional ao que ocorreria na ausência de uma atividade de projeto. Tal critério tem como objetivo avaliar se a atividade proporciona uma redução real, mensurável e de longo prazo para a mitigação da mudança climática. (Fonte: Ipam Amazônia)

BlackRock – Gestora de ativos que se tornou célebre pelas cartas de seu CEO, Larry Fink, ao mercado, onde dita tendências e faz apelo pela descarbonização dos portfólios de investimentos

Business Roundtable – organização que reúne CEOs das maiores empresas dos EUA. Em agosto de 2019, divulgou uma nova declaração sobre propósito alinhada à ideia de atendimento das necessidades de todas as partes interessadas, e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, composta pelos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, cujo fundamento é fazer todos os países e stakeholders atuarem por uma parceria global para o desenvolvimento sustentável. (Fonte: Artha Educação)

Capitalismo de partes interessadas (stakeholder capitalism) – modelo em que são beneficiados acionistas e também clientes e comunidades, sem a necessidade de se abandonar a busca por retornos financeiros. A “teoria das partes interessadas”, criada por Klaus Schwab em 1970 (na época, professor de Economia), foi uma espécie de embrião do stakeholder capitalism, em cenário marcado por Guerra Fria, Guerra do Vietnã e aproximação da crise do petróleo. A visão desse capitalismo socialmente responsável foi reafirmada pelo Manifesto de Davos 2020.

Capitalismo extrativo – forma de capitalismo baseada na extração de lucros da humanidade e da natureza, em oposição à ideia modernista de produtividade e consumo de massa.

Compliance – estar em conformidade com leis, normas, controles internos e externos, além de todas as políticas e diretrizes estabelecidas para o seu negócio. Isso vale para as esferas trabalhista, fiscal, contábil, financeira, ambiental, jurídica, previdenciária e ética. (Fonte: Endeavor) 

Corporation – entidade legal separada e distinta de seus proprietários. Os acionistas podem participar dos lucros por meio de dividendos e valorização das ações, mas não são pessoalmente responsáveis pelas dívidas da empresa.

Custo de capital – taxa de juros que as empresas usam para calcular o valor do dinheiro no tempo.

Davos Manifesto 2020 – convoca as empresas para se alinharem ao capitalismo das partes interessadas — conhecido como stakeholder capitalism — e trabalharem para melhorar o mundo em que operam, criando valor no longo prazo e compartilhando-o de maneira justa. (Fonte: Artha Educação) 

Estado de Direito – situação jurídica ou sistema institucional em que cada um e todos (do indivíduo comum até o poder público) são submetidos ao “império do Direito”. O Estado de Direito é, assim, ligado ao respeito às normas e aos direitos fundamentais, no qual até mesmo os mandatários políticos (os eleitos, no caso da democracia) estão submissos à legislação vigente. O Império do Direito guia-se por três aspectos: as leis são criadas pelo próprio Estado, através de seus representantes politicamente constituídos; o próprio Estado fica adstrito ao cumprimento das regras e dos limites por ele mesmo impostos; o poder estatal é limitado pela lei, não sendo absoluto, e o controle desta limitação se dá através do acesso de todos ao Poder Judiciário, que deve possuir autoridade e autonomia para garantir que as leis existentes cumpram o seu papel de impor regras e limites ao exercício do poder estatal. (Fonte: Wikipedia)

Externalidades – reflexos negativos ou positivos de uma atividade sentidos por aqueles que pouco ou nada contribuíram para gerá-los. No caso de externalidades negativas, os prejuízos impostos à sociedade não são arcados por aqueles que os provocam, e sim pagos por todos.

Formulário de Referência – documento obrigatório disponibilizado pelas companhias abertas ao mercado, que tem como intuito fornecer aos acionistas um panorama geral da empresa.

Green bonds – títulos de dívida verde, por meio dos quais se captam recursos dos investidores para investir em projetos ligados à sustentabilidade

Greenwashingmaquiagem verde, geralmente praticada por empresas sobre seus produtos e ações. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta para os seguintes sinais:

  • Ausência de certificados: o rótulo do produto não comprova, por exemplo, que ele é vegano ou orgânico, já que não apresenta estudos nem certificados.
  • Troca oculta: ocorre quando a empresa faz uma falsa compensação ambiental (por exemplo, o produto não utiliza plástico, mas em vez disso um volume enorme de água).
  • Imprecisão: usar, por exemplo, termos como “sustentável”, “vegano” e “cruelty free” sem explicar ao consumidor como essas práticas são adotadas pela empresa.
  • Irrelevância: a informação pode ser verdadeira, mas do ponto de vista ambiental não faz qualquer diferença.
  • Menor de dois males: uma empresa cujo produto tem menos plástico na sua composição, mas não busca resolver o problema do lixo.
  • Mentira descarada: informações falsas, como a empresa afirmar que pratica o descarte seletivo quando não o faz.
  • Falsos certificados: embalagens que usam a cor verde para mostrar um certo engajamento “green” apelando para certificados duvidosos ou que não têm comprovação científica.
  • Outros sinais são: uso de jargão “científico” e de informações desconhecidas pelo amplo público e “demônios maquiados” (por exemplo, cigarros orgânicos ou pesticidas “ambientalmente amigáveis”).

A expressão tem sido emprestada para o campo da diversidade (diversity washing), dos ODS (rainbow washing) e da governança (governance washing), sempre com a conotação enganosa.

Índice de Gini – instrumento que mede o grau de concentração de renda em determinado grupo. Numericamente, varia de zero a um. O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor um está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. (Fonte: Ipea)

Lei Sarbanes-Oxley – motivada por escândalos financeiros corporativos como o da Enron e sua auditoria Arthur Andersen, esta lei foi criada em 2002 com o objetivo de evitar a fuga dos investidores causada pela insegurança a respeito da governança das empresas.

Materialidade – a relevância dos diferentes fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) para determinada empresa ou setor, o que pode ser medido pelo ganho ou perda financeira que o fator provoca, ou pelo impacto social ou ambiental gerado. A materialidade é importante para que a empresa se atente ao que de fato importa e, com isso, evite práticas que caracterizam greenwashing. 

Mercado de capitais – mercado criado para a negociação de ativos, como ações e títulos de dívida, por meio do qual as empresas captam recursos para financiar projetos. Constituído por bolsas de valores, corretoras e instituições financeiras autorizadas, é responsável pela intermediação entre poupadores e tomadores de recursos.

Net zero – neutralidade de carbono significa a obenção de emissões líquidas igual a zero.

Novo Mercado – lançado no ano 2000, é o nível mais elevado de governança corporativa da Bolsa brasileira, a B3.

Open banking – sistema de compartilhamento de dados financeiros de forma padronizada. Em uma única plataforma, as diferentes instituições financeiras têm acesso a dados de clientes para oferecer produtos e serviços personalizados e mais vantajosos para cada caso

Sistema B – certificação de empresas que buscam equilibrar propósito e lucro, que reúne 4 mil empresas no mundo, sendo 213 no Brasil.

Stakeholder stewardship – ou engajamento de partes interessadas, significa que as decisões nas empresas deixam de ter apenas o foco no interesse de seus controladores e passam a atender também às demandas dos diversos atores com os quais a empresa se relaciona (os stakeholders).

Stewardship – o engajamento contínuo dos investidores que engloba monitoramento e discussão sobre riscos, desafios e oportunidades das empresas, incluindo governança corporativa, social, ambiental, estratégia, cultura organizacional, remuneração e comunicação. Além do trabalho junto às empresas, o engajamento junto a reguladores, fiscalizadores e formuladores de políticas é fundamental. Objetiva promover o sucesso de longo prazo das empresas, que beneficia os investidores, demais stakeholders e a economia, como um todo. (Fonte: Artha Educação)

Notas, vídeos, dicas & afins

Alô, investidores

Em setembro, quando se celebra o Dia da Amazônia, a XP Investimentos publicou um relatório e listou as três principais razões pelas quais vê um cenário preocupante para o futuro da floresta – e, por consequência, para o Brasil e o mundo: 1) pela primeira vez na História, a floresta passou a emitir mais carbono do que a absorvê-lo; 2) redução da precipitação anual na região, somada ao aumento da temperatura; e 3) impacto na biodiversidade da floresta. A casa aponta os setores que requerem maior atenção por parte dos investidores: produção de soja e de gado, os maiores responsáveis pelo desmatamento no País. Confira o relatório completo.

Alô, empresas e governos

Ex-ministro da Fazenda e diretor de estratégia econômica e relações com mercados do Safra, Joaquim Levy traçou um mapa do caminho para a descarbonização da economia brasileira, a fim de que o País alcance em 2050 a emissão líquida zero. O mapa inclui agricultura, pecuária, transportes, energias renováveis e eficiência na indústria – além, é claro, do fim do desmatamento. Ele garante que o esforço não envolve custos adicionais, e sim uma reorganização dos mercados. “Tudo isso com o Brasil crescendo e sendo competitivo”, defende, nesta live realizada pelo jornal Valor Econômico.

Brasil retrocede nos ODS

O Relatório Luz aponta que, das 169 metas da Agenda 2030, organizadas em 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), o Brasil não obteve nenhum avanço, e o mais alarmante: houve retrocessos em 92 metas. É o que mostra a quinta edição do relatório, divulgada neste ano, com a contribuição de pesquisadores e especialistas de cerca de 60 organizações da sociedade civil. Acesse o estudo completo.

Silêncios eloquentes

Este webinar traz um ângulo diferente sobre a questão do racismo. Anna Lygia Costa Rego, professora de Economia Comportamental e Psicologia Experimental aplicada ao Direito na Fundação Getulio Vargas, apresenta o trabalho Silêncios eloquentes – Uma análise do comportamento verbal em processos jurídicos, no qual pesquisa o emprego de termos em determinados contextos:

Processo seletivo real

É o nome da campanha da Rede Brasil do Pacto Global, que tem o objetivo de promover os pilares do programa que ajudam a transformar o mundo e seguem os dez princípios universais das áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Neste vídeo, 48 segundos são suficientes para passar um belo recado para as empresas:

 

 

Democracia inacabada

O relatório Democracia inacabada: um retrato das desigualdades brasileiras – 2021 analisa a relação entre desigualdades e democracia no Brasil, jogando luz sobre a participação e a representação como indispensáveis para efetivar comandos constitucionais por uma sociedade mais justa e igualitária no Brasil.

Dribles milionários no Leão

Como bilionários pagam milhões para esconder trilhões? Há diversas formas de se esquivar legalmente de pagar impostos – o que ajuda a enriquecer ainda mais essa gente e a aumentar as desigualdades no mundo. Um desses artifícios ganha o eufemismo de planejamento tributário, mas também pode ocorrer por meio de investimentos em paraísos fiscais, family offices e investimento social privado na forma de organizações que pagam menos impostos. É o que desvenda o livro The Wealth Hoarders: how billionaires pay millions to hide trillions (ainda sem tradução para o português). Assista aqui a uma entrevista (em inglês) com o autor, Chuck Collins:

Desigualdade estrutural

Por meio deste vídeo de seis minutos (em inglês), o professor Ladislau Dowbor mostra como a desigualdade se tornou um eixo estruturante da nossa sociedade. Os dados sobre os Estados Unidos servem para reflexões também sobre o Brasil:

 

Investimentos trilionários

Os ativos ESG no mundo devem ultrapassar US$ 53 trilhões até 2025, representando mais de um terço da estimativa de US$ 140,5 trilhões em ativos totais sob gestão (AUM, assets under management). A projeção é da Bloomberg Intelligence. Saiba mais. 

 O BC dá as cartas

Em setembro, o Banco Central do Brasil anunciou normas da agenda de sustentabilidade para o setor financeiro. Assista ao anúncio aqui:

 

E consulte as resoluções número 4.945, 139, 140, 153, 4.943 e 4.944.

 

ESG da Depressão

Este perfil no Instagram aposta no humor para fazer críticas ao greenwashing no ESG. Confira alguns memes: